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Uma doença que faz uma vítima por segundo, tem taxa de mortalidade de mais de 50% e mata mais que infarto ou câncer. A sepse, ou infecção generalizada como é popularmente conhecida, merece atenção tanto dos médicos como de toda população.

A sepse é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção. Era conhecida antigamente como septicemia ou infecção no sangue. Na verdade, não é a infecção que está em todos os locais do organismo. Por vezes, a infecção pode estar localizada em apenas um órgão, como por exemplo, o pulmão, mas provoca em todo o organismo uma resposta com inflamação numa tentativa de combater o agente da infecção. Essa inflamação pode vir a comprometer o funcionamento de vários dos órgãos do paciente.

Segundo dados levantados pela GSA (Global Sepsis Alliance – Aliança Global da Sepse, em tradução livre), surgem a cada ano cerca de 30 milhões de novos casos no mundo. No Brasil o quadro é alarmante. Dados de estudos epidemiológicos, coordenados pelo Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS), apontam que cerca de 30% dos leitos das unidades de terapia intensiva em nosso país são ocupados por pacientes com sepse grave; e a taxa de mortalidade pode chegar a 55% dos pacientes que apresentam sepse nas UTIs brasileiras.

A doença é a principal geradora de custos das UTIs dos setores público e privado. Isto é devido à necessidade de utilizar equipamentos sofisticados, medicamentos caros e exigir muito trabalho da equipe médica. De acordo com o ILAS, no Brasil são pelo menos 400 mil casos por ano, que resultam em cerca de 240 mil mortes e mais de R$ 20 bilhões destinados ao tratamento.

Segundo o médico infectologista do Hospital Santa Rosa, Luciano Côrrea, é importante que a população conheça melhor a doença e fique alerta para os sintomas, pois a agilidade no início do tratamento é vital. “As primeiras horas de tratamento são as mais importantes. Os pacientes devem receber antibioticoterapia adequada o mais rápido possível, pois a piora do quadro pode ocorrer em minutos”, ressalta.

O ILAS constatou ainda que, enquanto quase 100% da população já ouviu falar em infarto e que ao menor sinal de dor no peito procuraria um hospital, pouco mais de 90% nunca ouviu falar de sepse e desconhece os sintomas. “Isso é muito preocupante, pois a sepse mata muito mais que um ataque cardíaco. No Brasil, a mortalidade pode chegar a 65% dos casos, já a média mundial está em torno de 30-40%”, alertou o infectologista.

CAMPANHA – Com o objetivo de fazer a população em geral e médica entenderem a doença e procurar mudar o quadro cada vez mais preocupante da incidência e mortalidade, dia 13 de setembro é marcado como o Dia Mundial da Sepse. A ação reúne mais de 60 países e é comandada pela Global Sepsis Alliance (GSP).

Na última década, a taxa de incidência da doença aumentou entre 8% e 13% em relação à década passada, sendo responsável por mais óbitos do que alguns tipos de câncer, como o de mama e o de intestino. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, a desnutrição, pobreza, falta de acesso a vacinas e o tratamento de forma e em tempo inadequados contribuem para o aumento da mortalidade.

SINTOMAS – Normalmente, os primeiros sintomas são aqueles associados com a fonte de infecção, como tosse devido à pneumonia ou a dor abdominal se o foco for uma apendicite. Pode haver sintomas como febre, aumento das frequências cardíaca e respiratória. Também é preciso se atentar aos indícios de agravamento da infecção, como falta de ar, redução da produção de urina, tontura ou alteração do estado mental com confusão, agitação ou sonolência podem ser marcadores de disfunções orgânicas.

Luciano Côrrea destaca ainda que todas as pessoas podem ter sepse, mesmo aquelas saudáveis. “No entanto, aquelas em condições vulneráveis, como os diabéticos, portadores de câncer, aidéticos, portadores de insuficiência renal ou aqueles que apresentam qualquer forma de imunossupressão, bem como recém-nascidos prematuros e idosos são os mais suscetíveis às formas mais graves de infecção”, explica.

Qualquer tipo de infecção, leve ou grave, pode evoluir para sepse. As mais comuns são a pneumonia, infecções na barriga e infecções urinárias. Por isso quanto menor o tempo com infecção, menor a chance de surgimento da sepse. Para tal, o tratamento rápido das infecções é uma estratégia que deve ser adotada.

TRATAMENTO – O tratamento da sepse exige não recursos sofisticados se for diagnosticada precocemente. A maioria das medidas eficazes pode ser realizada com o treinamento dos profissionais de saúde, utilizando recursos disponíveis na maioria das unidades de saúde.

A principal medida para combater a doença é administrar antibióticos pela veia o mais rápido possível. Podem ser necessários oxigênio, líquidos na veia e medicamentos que aumentem a pressão arterial. A diálise pode ser necessária se os rins pararem de funcionar. Um aparelho de respiração artificial pode ser utilizado em caso de dificuldade respiratória grave.

Luciano Corrêa destaca ainda que os pronto-atendimentos dos hospitais devem estar preparados para fazer o diagnóstico rápido. “O Hospital Santa Rosa é pioneiro em Mato Grosso na elaboração de um protocolo próprio para assistência em casos de sepse. Em alguns casos, o quadro de sintomas pode ser confundido com uma virose mais forte, o paciente volta para casa e morre em questão de horas. Instituições de saúde e médicos devem se conscientizar sobre a gravidade dessa patologia, que é comum, mas desprezada”, lamenta o médico.

PREVENÇÃO – É possível prevenir qualquer tipo de doença mantendo um estilo de vida saudável, com alimentos nutritivos, exercício físico e descanso. As mãos devem ser lavadas com frequência.

A prevenção da sepse é feita prevenindo a infecção. Não existem vacinas para prevenir a sepse, mas existem imunizações disponíveis para determinados agentes patogênicos, tais como gripe, H1N1, pneumonia, rotavírus entre outras.

Também é possível impedir a sepse com um tratamento adequado de qualquer infecção grave. Isto significa que os medicamentos devem ser tomados na quantidade e no período indicados pelo médico; não se deve tomar antibióticos desnecessariamente, para reduzir as chances de desenvolver infecções resistentes, nem prescritos para outra pessoa e evitar a automedicação.

Se a doença não apresentar melhora ou se piorar, a pessoa deve procurar um médico.

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