Até o momento, não há evidências de que as mulheres grávidas sejam mais suscetíveis à infecção pelo COVID-19 ou que aquelas com infecção sejam mais propensas ao desenvolvimento de pneumonia grave. Também não há evidências de infecção intrauterina causada por transmissão vertical em mulheres que desenvolvem pneumonia por COVID-19 no final da gravidez (amostras negativas de líquido amniótico, sangue do cordão umbilical, corrimento vaginal, swab ou leite materno), não sendo as gestantes consideradas um “grupo de risco” para essa doença.

Entretanto, existem preocupações relacionadas ao potencial efeito no resultado fetal e neonatal; portanto, qualquer gestante/lactante requer atenção especial em relação à prevenção, diagnóstico e manejo, especialmente as gestantes/lactantes profissionais da área de saúde, potencialmente expostas ao maior risco de contágio com pacientes infectados pelo novo coronavírus.

Ainda não há um protocolo específico para manejo de gestantes profissionais da saúde, especialmente da área médica, sob o risco de contato com casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo COVID-19. Dessa forma, as recomendações são as mesmas que para a população em geral:

Médicas (gestantes/lactantes ou não) de especialidades consideradas eletivas, tanto a nível ambulatorial/consultórios ou procedimentos cirúrgicos devem seguir a orientação de diversos órgãos de saúde, sanitários e governamentais de isolamento social, preferencialmente em domicílio, ou seja, suspensão do trabalho temporariamente.

Médicas (gestantes/lactantes ou não) de especialidades consideradas essenciais (que não podem parar o atendimento, o que causaria danos aos pacientes, por exemplo, especialidades oncológicas, acompanhamento pré-natal , doenças crônicas que requerem cuidados permanentes, exames de imagem de urgência, etc.), considerando o atendimento de pessoas sem sintomas respiratórios e sem suspeita de infecção pelo COVID-19 (lembrando dos casos assintomáticos): devem seguir as medidas apropriadas para prevenção e controle da infecção durante o trabalho, como evitar aglomerações nas salas de espera das clínicas e consultórios, manter distância de pelo menos 1m das pessoas, utilizar máscara cirúrgica para o exame clínico, lavar as mãos com água e sabão ou utilizar álcool em gel, manter os ambientes bem ventilados, evitar de levar as mãos ao rosto, higienizar frequentemente objetos usados no trabalho como estetoscópio, aparelhos de sonar, carimbos, canetas, computadores, mouses, celulares, óculos e até mesmo as garrafinhas de água! Enfim, tudo o que é frequentemente tocado pela médica e seus pacientes.

Médicas gestantes/lactantes que trabalham diretamente com a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de COVID-19: a recomendação é o afastamento dessa profissional da linha de frente, seguindo o Artigo 6 do Decreto No 7.849 de 20/03/2020 da Prefeitura Municipal de Cuiabá. Caso não seja possível, deve-se adotar o protocolo da OMS (Organização Mundial da Saúde) de uso de EPIs (equipamentos de proteção individual) para todos os profissionais da saúde envolvidos na assistência aos casos suspeitos: capote individual, luvas e gorro (descartados a cada uso), máscaras N95 (descartada ao final do plantão), máscaras cirúrgicas (descartadas a cada uso) e proteção ocular (higienizar a cada uso), seguindo rigorosamente as orientações de colocação, retirada e descarte dos equipamentos.

Médicas gestantes/lactantes com suspeita ou confirmação de infecção pelo COVID-19: serão assistidas seguindo o Fluxo de Atendimento de Caso Suspeito do Plano de Contingência da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso de 11/03/2020 (disponível em http://www.saude.mt.gov.br/informe/581).

Fontes: OMS (Organização Mundial da Saúde), Ministério da Saúde (MS), Secretaria de Estado de Saúde/MT, Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, Boletim da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecolgia e Obstetrícia), ACOG (The American College of Obstetricians ando Gynecologists) e Society for Maternal-Fetal Medicine.

Dra. Fernanda Monteiro Siqueira Juveniz, CRM-MT nº. 5614, é Ginecologista e Obstetra do Hospital e Maternidade Femina, Coordenadora e Docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade de Cuiabá e Cooredenadora do Comitê Educativo e do Programa Parto Adequado da Unimed Cuiabá.

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