Profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros, que atuam na rede de Saúde de Cuiabá e Várzea Grande participaram, nesta quinta-feira (13.11), de uma capacitação com o tema “Manejo da Dor em Pessoas com Doença Falciforme”. A aula foi ministrada no auditório do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) e organizada pelo MT Hemocentro.
Hematologista pediátrico e responsável técnico do MT Hemocentro, o médico Wolney de Oliveira Taques explica que a unidade atende doenças hematológicas benignas, como a doença falciforme que é a mais frequente. “E as crises dolorosas dentro deste quadro da doença falciforme são um quadro muito importante e, infelizmente, ainda há muita dificuldade no seu manejo”.
Em Mato Grosso, há o registro de aproximadamente 700 pessoas que convivem com a doença, genética e hereditária, que afeta os glóbulos vermelhos, fazendo com que assumam a forma de uma foice ou meia-lua em vez de um disco redondo. Essa alteração na hemoglobina causa problemas como anemia, crises de dor e, a longo prazo, lesões em órgãos.
Taques pontua que a intenção da capacitação é a de melhorar o atendimento dos pacientes que, nas crises dolorosas, buscam atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) ou em hospitais privados.
Responsável pela aula, a médica fisiatra especialista em dor Marcela Santa Rosa destaca que a principal dificuldade no manejo da dor é justamente o médico acreditar no paciente. “Infelizmente eles são muito estigmatizados como viciados, dependentes. Na verdade, isso pode acontecer, como em qualquer caso de consumo de opioides, mas os estudos mostram que o percentual de pacientes dependentes é similar à população geral”.
Um outro ponto de atenção, ressalta Marcela é o fato do médico compreender como manejar pacientes com dor, sobretudo em relação à subdosagem de medicamentos ministrados. “Na graduação Medicina não temos a área ‘dor’, então não aprendemos a manejar, os profissionais têm medo”.
Na avaliação da médica, capacitações como esta ajudam a disseminar o conhecimento para além das pessoas que assistiram a aula. “Estamos plantando uma semente e esperamos que esse conhecimento seja multiplicado entre os profissionais. Um médico, um enfermeiro, que esteve na capacitação e orienta um colega em um plantão já ajuda a atender melhor este paciente e não estigmatizar estas pessoas”.
Taques, por sua vez, lembra que ações como esta estão em sintonia com o trabalho de educação continuada, promovido pelo Conselho. “É fundamental termos esta parceria na casa dos médicos, aumentando o conhecimento de todos”.