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Representantes dos Conselhos Federal e Regional de Medicina, Ministério Público Estadual, Polícia Judiciária Civil, Sociedade Brasileira de Pediatria e associações de desaparecidos participaram, nesta quarta-feira (23), em Cuiabá (MT), de um seminário para ampliar as discussões sobre um drama que se multiplica no Brasil: os casos de crianças e adolescentes desaparecidos.
 
A cidade de Cuiabá foi escolhida pelo grupo não por acaso: pelo menos três crianças e adolescentes desaparecem a cada dia em Mato Grosso, segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp). Neste ano, quase 150 crianças e adolescentes foram dadas como desaparecidas no estado e somente na capital foram 32 casos em três meses.
 
De acordo com dados compilados pelo CFM, estima-se que, no mundo, o total de casos de desaparecimento de crianças e adolescentes chega a 25 milhões. “O número de crianças desaparecidas é muito maior do que as pessoas imaginam. No Brasil há uma estimativa de que sumam 50 mil por ano. Por isso é tão importante que os profissionais notifiquem qualquer tipo de alguma situação que possa indicar alguma irregularidade. Defendemos o lugar dos médicos junto à população”, ressaltou o diretor do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Fernando Vinagre.
 
O órgão tem procurado, de forma isolada, enfrentar o problema criando mecanismos de identificação e políticas públicas. “A proteção da criança e do adolescente é muito recente no país e precisa ser priorizada. Discutir esse tema significa mexer com feridas e no financeiro do país. Não temos discursos partidários, mas enfrentamos um descaso do Estado brasileiro neste tema”, defendeu o integrante da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva, ao afirmar que menos de cinquenta instituições no mundo trabalham para impedir o desaparecimento.
 
Paiva também chamou atenção que no país ainda não há um cadastro atualizado com dados e informações dos menores. “O cadastro brasileiro é totalmente desatualizado e pouco priorizado. Sem essa divulgação oficial, fica impossível buscar uma criança que não tenha nome ou rosto”. Segundo ele, da forma que é proposto hoje também não funciona: “não dá para aguardar os pais incluírem o caso, isso deve ser feita imediatamente por um policial. Muitos pais podem inclusive estarem envolvidos diretamente com esse desaparecimento”, alertou.
  
img 0928Ações para os médicos – O Conselho Regional de Medicina do Estado do Mato Grosso (CRM-MT) aderiu a uma campanha do CFM e enviou uma carta de orientação a todos os médicos pedindo que fiquem atentos ao comportamento de pacientes atendidos nos consultórios para detectar crianças que foram retiradas das famílias.
 
O médico é orientado a observar o comportamento, tanto da criança atendida, quanto dos responsáveis que as acompanham, assim como as características físicas, documentação e empatia entre os familiares.

 

“Queremos contribuir para que sejam desenvolvidas políticas não apenas de prevenção, mas de busca dessas vítimas, com um banco de dados que funcione e que seja aceito internacionalmente”, disse a presidente do CRM, Maria de Fátima de Carvalho Ferreira. Segundo ela, outro propósito da campanha é despertar a sociedade para o fato de cada indivíduo poder impedir o tráfico de pessoas.

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